Ao nos depararmos com a palavra temor fazemos associações imediatas e perigosas, com outras palavras como: medo, pavor, susto, repulsa, e outras. Porém, proponho um novo olhar ao pensarmos nesta palavra.
Elimar Melo
Ao nos depararmos com a palavra temor fazemos associações imediatas e perigosas, com outras palavras como: medo, pavor, susto, repulsa, e outras. Porém, proponho um novo olhar ao pensarmos nesta palavra.
Elimar Melo
Pessoas piedosas são pessoas que carregam consigo a tranqüilidade de serem abertas às modificações do tempo, pois o seu olhar para o mundo é diferente.
A piedade reside na capacidade de amar com doçura, cuidado e perdão.
Um ser piedoso não é o que “tem dó” dos outros, ou que se comove com situações de dor, perda ou miséria alheia. Isso não é piedade, é apenas uma sensação de incômodo íntimo, misturado, muitas vezes, com culpa e impotência para a ação.
A piedade reside no jeito de amar o próximo, na maneira com que o olhar se move para as carências do outro, sem comparar com as nossas. Ou seja, não é medir o quanto o outro é miserável e infeliz; é partilhar a nossa Graça e Felicidade.
Elas (Graça e Felicidades) são completas quando oriundas do seio do Espírito, do Hálito de Deus. E dividi-las de forma sincera e aberta, com carinho e respeito às limitações dos outros é a forma piedosa de ser.
Jesus de Nazaré ao se encontrar com a Samaritana, em Sicar, pede a ela água, o que causa imenso espanto àquela mulher. Ele, judeu e homem, portanto socialmente superior à ela, mulher e samaritana, desfaz-se do modelo social e encara o ser humano na sua frente. E o faz com cuidado e respeito, o que deixa a mulher ainda mais impressionada e à vontade.
O dom da Piedade nos faz mais próximos das necessidades de nossos irmãos, pois nos colocamos ao lado deles e não acima deles, com distanciamento, medo ou orgulho de “quem está ajudando”.
Outra confusão comum é pensar que piedade e assistencialismo sejam a mesma coisa. Muitos de nós ajudamos nossos semelhantes oferecendo esmolas e auxílios de todas as ordens. Atitude importante e louvável. Necessária e prioritária para minimizar a pobreza alheia. Contudo, isso por si só não constitui a piedade.
O ser piedoso tem nessas atitudes apenas como uma das manifestações de sua vida aberta ao outro.
Uma das formas mais difíceis de manifesta a piedade é a presença e a escuta. Pois, mais que oferecer coisas, é oferecer-se, partilhar o que temos de mais precioso, nós mesmos e nosso tempo.
Quando suplicamos por piedade, estamos, de fato, pedindo que o outro se coloque em nosso lugar e partilhe conosco do nosso sofrimento, portanto: Tem piedade.
A primeira questão que me ocorre ao pensar em fortaleza é o aspecto intransponível de uma construção sólida e imponente que tem como finalidade defender uma região.
Esta é a primeira questão e a principal para a reflexão que sugiro para este dom do Espírito.
Sigam o seguinte raciocínio... Lembremos das fortalezas medievais. Onde estão instaladas as fortalezas ou onde elas devem ser colocadas? Normalmente, em regiões estratégica para proteger regiões mais frágeis e evitar a ação do inimigo. A lógica do dom da Fortaleza é a mesma.
Para proteção das investidas dos inimigos devemos nos revestir da Fortaleza do Espírito de Deus. Os inimigos são os pecados, aqueles e aquilo que nos afastam do Hálito de Deus.
Para comportarmos como fortalezas são necessários cuidados importantes e uma atenção especial com os aspectos voltados para defesa. Como as fortalezas medievais, já citadas, seu principal objetivo não estava na conquista, expansão ou crescimento. Mas, na garantia de não perder o terreno.
Assim, o dom da fortaleza é a garantia de que o Espírito de Deus nos reforça para que os propósitos do Carpinteiro de Nazaré permaneçam plenos em nosso cotidiano.
A Fortaleza está na firmeza dos propósitos individuais o que serve de exemplo para as comunidades e torna-se referência de certeza, persistência e fé.
A fidelidade aos princípios e valores básicos da proposta cristã só pode ser mantida se os integrantes das comunidades perpetuam a celebração do legado do Nazareno, através dos Sacramentos e, principalmente, através do cumprimento do maior dos mandamentos; o exercício do Amor.
O desafio não é apenas ser forte. Este já é grande o suficiente para um indivíduo. O maior desafio é ser abrigo do Hálito de Deus e proporcionar a “construção” de fortalezas. As quais eu só acredito que sejam possíveis se forem produto das comunidades cristãs.
Assim como todos os dons do Espírito, a Fortaleza tem sentido se colocada em ação em favor do próximo. Abrigar o dom da Fortaleza para si não cumpre o objetivo do dom. Os dons que recebemos devem ser ferramentas para nos aproximarmos dos outros e tornarmos a existências deles mais significativas e felizes.
O apelo individual é: Sê forte... O apelo coletivo é: Construamos Fortalezas de Fé.
Elimar Melo