segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lugares de paz

Cheguei quase 1 hora antes do combinado, toquei o interfone, me identifiquei e remotamente abriram o portão. Entrei, passei pelos vasinhos de flores que ficam na entrada. A casa estava toda escura e o silêncio era tão prazeroso que fiquei alguns segundos ali o aproveitando. Com certeza eu era a primeira a chegar! Vi uma luz fraquinha na capela e fui caminhando devagarzinho até lá. Antes mesmo de chegar perto, por uma das janelas semi-abertas, avistei o Padre Osvaldo em frente ao sacrário, sozinho e em oração. Resolvi não prosseguir pra não atrapalhar. Nos 20 minutos seguintes fiquei caminhando no escuro e em silêncio por todo o Recanto de Caná até que o PO aparecesse e um tempo depois começasse a chegar o restante do pessoal pra missa de entrega.

Como seria bom se eu pudesse ter aquela sensação de paz intensa com mais frequência! Sabe quando a gente acorda de madrugada, a casa toda escura e silenciosa, para não fazer barulho vai descalço até a cozinha tomar um copo d´água, na volta dá uma paradinha no quarto dos filhos e os vê dormindo aquele soninho melhor do mundo? É ou não uma sensação de paz maravilhosa?

A vida tem sido um turbilhão de atividades, trânsito caótico na hora do almoço, corrida pra dar tempo de cumprir todas as atividades do dia. No final de semana de setembro em que eu trabalhei na cozinha do encontro pros familiares dos internos, ficou ainda mais claro como estou em um ritmo frenético. Cozinha de encontro é puxada, a gente trabalha em pé da hora que acorda até a hora de deitar e, apesar disso, no final do sábado, pra minha surpresa, eu nem estava tão cansada assim... Dormi muito pouco de sábado pra domingo: faltava meu travesseiro, sobrava pernilongo, faltava também o vidro em uma das janelas e o vento frio entrava sem cerimônia; mas acordamos felizes no dia seguinte antes das 06 horas, trabalhamos o dia todo e o cansaço só foi bater pra valer em mim no final do domingo, por volta das 21h, depois de chegar em casa, tomar meu banho e deitar na minha cama. Isso mostra como o dia a dia tem sido muito mais exaustivo que um final de semana inteiro trabalhando na cozinha do Caná. Por que trabalhar sentada em frente ao computador, com o esforço físico de apenas 4 dedos (É! Sou catilógrafa) me deixa mais cansada do que a cozinha do encontro? Certamente a quantidade de risos dados naqueles dois dias foi maior do que em 1 mês inteiro no trabalho. Além disso, a troca dos relacionamentos superficiais (e muitas vezes não sinceros) do ambiente profissional pelas amizades verdadeiras também faz um bem danado!

Está claro que a Fazenda tem se tornado outro lugar de paz pra mim, e é inevitável, vou lá com a intenção de ser útil, mas saio sempre no lucro! E de lá tenho construído dezenas de boas lembranças, assim como tenho do Recanto...

São sensações como as acima que quero cada vez mais e as tenho buscado, porque o que me parece é que muitas vezes, fora destes lugares ou do ambiente familiar, estou numa selva.

São momentos e lugares como os que citei, que nos deixam mais leves pra dar conta do mundo lá fora. Desejo que vocês estejam na busca dos seus também!

Beijo grande!

Carlinha

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