segunda-feira, 30 de agosto de 2010

OS PEQUENOS MILAGRES DE CADA DIA

No ultimo mês, voltei a freqüentar a missa na Capela de Maria Porta do Céu, pertencente ao complexo da Igreja de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, aqui em Campinas/SP. Minha comunicação com o “andar de cima” estava meio atrapalhada, cheia de ruídos, e então resolvi resgatá-la. A Palavra de Deus, na minha experiência, sempre me alimentou e renovou minhas esperanças em dias melhores, mesmo que, em muitos momentos, eu não tenha tido condições de compreendê-la.

Preciso dizer que essa capela sempre mexeu muito comigo. Não sei dizer o que é, mas sinto algo diferente quando entro lá. Uma paz enorme toma conta de mim e quase sempre eu passo a missa inteira chorando. Não se trata de um choro de sofrimento, mas de um choro de agradecimento por estar ali sendo ouvida por Jesus e Maria, pela honra de estar sendo recebida por Eles naquele lugar santo. Sei lá... Só sei que é algo bom, como se minhas lágrimas lavassem minha alma. Saio de lá sempre mais leve e com mais coragem para enfrentar a vida.

Já há algumas semanas estava me sentindo mal por ter saído do meu emprego. Não pelo fato de ter saído, mas pela forma como foi. Eu me sentia traída por pessoas que eu confiava, pessoas que eu ensinei a trabalhar literalmente e que me envolveram numa trama digna de Hollywood. Eu estava cheia de mágoa e, em alguns momentos, até mesmo ódio. Não podia evitar, pois a decepção era imensa. Eu só conseguia pensar em justiça, na “justiça de Deus”, já que eu não podia fazer nada naquele momento. Na verdade, eu queria punição para aqueles que me fizeram sofrer, mas a MINHA punição. Na minha concepção, eu havia feito tudo certo, não tinha desejado ou feito mal a ninguém, então por que o mal triunfaria? E eu pensava nisso 24h por dia. Pensamentos que estavam cada vez mais me envenenando e me fazendo sofrer.

Na última 6ª feira senti algo intrigante durante a missa, não sei se essa é a palavra correta. Sentia o meu coração ainda pesado de mágoa. Desta vez meu pedido era para que a mágoa se dissipasse, mas algo muito melhor aconteceu. Eu não sei explicar como, mas num dado momento eu senti como se todos os pensamentos confusos e sentimentos ruins misturados que eu trazia fossem limpos e uma clareza imensa de percepção do que havia ocorrido tomou conta de mim. Pela primeira vez eu podia enxergar o que acontecera em todas as perspectivas, e, de minha parte, o que eu havia feito, mesmo sem saber ou querer, para que os acontecimentos tivessem caminhado para aquele desfecho. De repente tudo ficou tão claro e límpido, e eu me pus a pedir perdão a Deus pelos meus erros, cujo principal teria sido o de esquecer que trabalhamos não para a nossa causa, mas pela causa Dele, para a construção do Seu Reino. Imaginem eu, freqüentadora do PRODES por tantos anos, que havia escutado e falado tantas vezes disso, como poderia ter me esquecido? Como pude deixar que a fraqueza do humano sobrepusesse os propósitos de Deus? Como pude esquecer que se estamos aqui no mundo, do jeito que estamos, é somente porque Ele quer que trabalhemos para Sua obra? Recordo-me de uma vez ter ficado um bom tempo conversando com o Elimar sobre isso, e que ele, em muitos momentos e de muitas formas, me lembrou disso... Em algum lugar do caminho eu havia me perdido, e aquela foi a forma que Ele encontrou para me trazer de volta às Suas coisas, ao Seu caminho. Se não vai pelo amor, vai pela dor, não é?

Depois dessa constatação, fiquei ajoelhada pedindo perdão sem parar até que senti, de verdade, que havia sido perdoada, e uma enorme paz tomou conta de mim de uma forma indescritível. Eu estava leve, parecia poder flutuar se eu quisesse. Até mesmo a lembrança ruim das pessoas que me prejudicaram havia sido transformada e eu pensava nelas com compaixão. Para mim, um milagre aconteceu ali, que pode parecer pequeno aos olhos daqueles que esperam que Deus se manifeste de formas estrondosas e magníficas. Eu senti, como nunca antes, a presença e o amor de Deus me perdoando e me dando licença para tentar outra vez... É , tentar outra vez, porque o trabalho pelo Seu reino é grande e pesado, e Ele precisa de cada um que quiser ser resgatado para isso. Interessante que Ele havia me dado esse sinal em uma música do Raul Seixas que eu escutava no meu carro no momento em que cheguei na igreja aquele dia: “tente outra vez...”. Ele nos dá sinais o tempo todo, nós é que muitas vezes estamos cegos ou surdos a eles.

Eu passei o resto da missa e uma meia hora depois de seu término agradecendo aquele “milagre”, aquela graça que eu havia recebido. Não sou melhor do que ninguém, nem quero servir de exemplo, sou apenas uma filha de Deus que recebeu a Sua misericórdia.

Não vou mentir, também senti medo e ainda sinto. Medo de que não consiga cuidar bem dos “negócios” do Pai, que não consiga levar adiante o propósito da construção do Seu Reino, que não consiga entender os seus sinais, mas entreguei meu coração a Ele como nunca havia feito antes, talvez até por falta de maturidade espiritual, não sei..., e acredito que Ele vai me ajudar a continuar enxergando. Afinal, eu via claramente o argueiro nos olhos dos outros e não enxergava a trave nos meus. Eu estava cega e voltei a enxergar...

Foi lindo!!! E eu queria compartilhar isso com vocês, meus irmãos em Cristo.

Grande e saudoso beijo,

Karla Vignoli Viegas Barreira.

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