quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Crucificação em 2010



Meus caros, eu havia começado um outro texto para o Blog, nosso moderno e ainda não bem utilizado recurso. Porém, após a missa de hoje, decidi falar sobre um outro tema.


A Igreja Católica tem estado em evidência nos meios de comunicação. Alguns casos de pedofilia e/ou violência vieram a tona provocando a renúncia de alguns sacerdotes. Matéria abundante que culminou em vários e amplos ataques à religião idealizada por Jesus.


Para ser bem sincero, eu não estava dando muita atenção a estes fatos. Depois de algumas décadas vivendo a religião, minha fé (pelo menos neste quesito) já deixou de ser adolescente e se tornou adulta.


Acordei tarde e comecei a exigir velocidade das crianças, para não chegarmos atrasados, ‘alguém sempre paga pelos nossos erros...’ Missa das crianças, com características modernas em relação a minha época. Depois da Homilia, algumas catequistas levam as crianças, que ainda não têm idade para participar no grupo de Catequese, para uma iniciação à Religião. Pintar, colorir passagens Bíblicas para começar a se familiarizar com a história.


Para minha surpresa, o Padre Manuel começou o sermão falando sobre as últimas notícias veiculadas esta semana. Alguns religiosos foram afastados ou pediram seu afastamento para ‘pagar os seus pecados’ e também preservar a Instituição. Reconheceram suas falhas e fraquezas humanas publicamente. Me perguntei como somos implacáveis com os que falham e/ou assumem seus erros. Seríamos nós então os primeiros ou os únicos, capazes de atirar a primeira pedra “na mulher adúltera?”


Como disse o Padre Manuel, dos 12 discípulos escolhidos por Jesus, 1 deles o traiu. Trocou a oportunidade real de ‘estar com Deus’, por dinheiro. Não fazemos isso todos os dias? Quem nunca priorizou o individual versus o coletivo? Ou preferiu ser conhecido pelo que tem e não pelo que é? O ato isolado de Judas não colocou a honradez e a boa conduta dos demais 11 em cheque. Judas falhou e provou que mesmo aqueles que estão mais próximos de Deus, são humanos!!


Pedro negou conhecer Cristo 3 vezes, mas se tornou a Pedra sobre a qual a comunidade universal foi construída. Jesus teve medo do seu destino e até pediu ao Pai que o liberasse daquele martírio, mas mesmo aterrorizado, seguiu em frente e cumpriu sua missão.


Então quem e o que somos afinal? Os juízes tiranos que esperam uma medida mais amena quando formos os réus? Ou simplesmente grandes babacas que expõem e acusam o próximo para encobrir nossas fraquezas, pecados e limitações? Talvez os dois...


O Padre que erra afirma mais uma vez a nossa condição de humanos. O político que prioriza seus objetivos pessoais aos coletivos, ilustra o que a maioria faz no dia-a-dia. Enchemos o peito para falar do nosso congresso corrupto, mas ninguém ou pouquíssimos poderiam ir até lá e exigir-lhes uma conduta reta. Ou o cidadão que faz uma declaração de renda mentirosa seria melhor do que eles? O ladrão que rouba uma maça no supermercado ou uma caneta no trabalho seria diferente daqueles que roubam milhões dos cofres públicos? Claro que não meus irmãos.


Não sejamos hipócritas! Dos bilhões de humanos que vivemos os últimos 2 milênios, algumas centenas apenas foram considerados realmente Santos. O resto de nós ou continua tentando se aproximar deles ou já desistiu.


Estes Sacerdotes erraram e devem responder por isto, mas não julguemos os demais 11 apóstolos pela conduta de Judas. Vamos continuar trabalhando para construir uma comunidade universal, sabendo que esta sempre será Santa e Pecadora, afinal de contas estamos falando de nós mesmos...


Que Deus nos perdoe também!


Paulo Tadeu de Resende

4 comentários:

  1. Acho muito temerário comparar pedofilia com os chamados "crimes comuns". Considero hediondos alguns crimes e não consigo compactuar com sua defesa da igreja como instituição enquanto ela acoberta aqueles que deveriam servir de exemplo.
    Não se trata de atirar a primeira pedra, mas não permitir que coisas assim continuem acontecendo dentro de uma instituição que deveria pregar exatamente o contrário: o amor e o respeito ao próximo.
    A pedofilia corrompe o ser humano no início de sua formação, deixando a vítima sem nenhuma defesa física, moral ou psíquica. Acho sim que todos os crimes de pedofilia e de abuso sexual cometidos dentro ou em nome da igreja devam vir a tona e julgados pela lei dos homens, pois acho que se a lei de Deus é a maior e mais certa, não isenta a aplicação da lei dos homens.
    A Igreja Católica vem sofrendo a anos uma crise de fé (falo da igreja instituição, e não da IGREJA) e sua capacidade de evangelização futura passa pela sua capacidade de reconhecer seus erros, assumir suas limitações (ao invés de acobertá-las) e permitir a ação da justiça dos homens.
    Acho muito triste a perda de confiança dos fiéis em sua Igreja. Ela está repleta de almas iluminadas como a do Pe Osvaldo, Pe Sérgio e Pe João (para ficar nos que mais me influenciaram) e é em nome deles, por respeito a eles e outros religiosos que fazem jus à sua escolhe de vida que eu defendo uma punição justa àqueles que abusaram de sua posição de pastores do rebanho.

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  2. Oi Mozart, não comparo pedofilia com outros crimes, se você entendeu assim, esclareço que não o fiz.
    Também não faço defesa da igreja instituição, mas não existe nada que comprove a sua afirmação de que ela encoberta casos de pedofilia, pelo contrário, até agora todos os casos que foram conhecidos resultaram na expulsão e ou afastamento dos envolvidos. A sua opinião não está embasada em fatos mas aparentemente em uma percepcão; caso eu esteja equivocado, por favor mostre os fatos.
    Me desculpe amigo, mas qual seria a forma eficaz de não permitir a que casos assim aconteçam? Quantos anos de preparação são necessários para que alguém seja ordenado Padre? Quantas avaliações de todos os aspectos psíquicos? O fato é que são humanos meu caro e por isso passíveis de pecar. Não defendo ninguém, pelo contrário, afirmo que eles sairam para pagar os seus pecados, ou seja, para que sejam julgados pela lei dos homens enquanto estiverem na terra.
    A instituição não deveria pregar o amor e o respeito ao próximo, ela prega!! Tenho a impressão de que você está "julgando os demais 11 apóstolos pelos atos de Judas".
    A Igreja Instituição são leis e códigos de conduta claros, públicos. Esta não vem sofrendo anos de crise de fé, nós fiéis sim. Mas a fé não é na Igreja (homens) mas sim em Deus. Lembre-se que fé é acreditar sem ver e portanto estamos falando de algo maior do que líderes humanos, logo falíveis.
    Finalmente não escrevi absolutamente nada em defesa (leia outra vez) apenas provoco reflexões. Que bom você ter se manifestado. Grande abraço.

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  3. Prezado Sr. Paulo,
    peço-lhe a gentileza de que o senhor mesmo faça a releitura.
    Sua intenção de levar à reflexão é óbvia, mas os argumentos que servem de parâmetros (comparativos), não deixam dúvidas das analogias que quis construir com o adultério de Madalena e roubos (maçãs e/ou cofres públicos). Comparar pedofilia (um crime hediondo) com esses crimes comuns demonstra, senão intenção proposital de banalização, um grande equívoco. Ou seja, em qualquer um dos casos, o resultado é, no mínimo, questionável.
    Tenho certeza de que senhor, que escreve tão bem e com tanta eloquência, é totalmente capaz de avaliar os comentários e reconhecer em seu texto o perigo da diminuição ou banalização de um mau tão profundo e avassalador.
    O perdão, a proteção à Igreja e a preservação dos inocentes (seu objeto motivador) são segundo e terceiro planos no "frigir dos ovos".
    Respeitosamente,
    Sílvia.

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  4. Prezada Silvia,
    Em primeiro lugar quero te agradecer pela opinião expressada. Não respondi antes, por não ter conhecimento da mesma, mas este é um dos objetivos do nosso blog Cristão, uma discussão aberta e sincera.
    Também te agradeço pelo elogio, o qual nem acho que mereço. E finalmente, gostaria de te tranquilizar (pelo menos de tentar) quanto as minhas intenções. Não tive e não tenho o objetivo de banalizar um crime tão grave e menos ainda, de diminuí-lo. Não intenciono categorizar crimes, não tenho conhecimento para tal.
    Tento levar um reflexão para aqueles que cometem crimes diários e exatamente por compará-los com os outros mais graves, enganam a si próprios tratando com 'normalidade' uma declaração de imposto fraudulenta, ou o roubo de uma fruta, por exemplo.
    Defendo neste texto sim, a Igreja como comunidade e instituição, aos sacerdotes sérios e dedicados. Faço isso metaforicamente citando os 11 apóstolos e não comparado-os a Judas. A este e aos criminosos, a justiça na medida do crime cometido!! Para os demais, nossa lucidez!
    Comparar-nos com os piores é um mecanismo de defesa humano! Fazê-lo em relação aos melhores, é buscar a santidade!
    Mais uma vez muito obrigado,

    Paulo

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