segunda-feira, 30 de maio de 2011

Domingo na Carlos Luz

Há uma semana e pouco recebi uma mensagem de alguém do grupo (não lembro o remetente) dizendo que a casa que abriga os adolescentes internos na Fazenda de Caná estava precisando de divulgação, pois estava abaixo da metade da sua capacidade de recepção. Junto com a solicitação veio à informação de que haviam produzidos alguns milhares de folhetos para divulgar o trabalho da Fazenda com os adolescentes.

Passei no Recanto de Caná e peguei um pacote fechado e outro que já estava aberto. No dorso da embalagem dizia que tinha cerca de 20.000 folhetos; achei estranho, pois não me pareceu terem tantos assim; mas, isso não vem ao caso.

Relato isso para contar que no domingo pela manhã fiz a distribuição dos folhetos em duas frentes: a primeira, colocando nas caixas de correios das casas e edifícios da vizinhança lá de casa (Caiçara) enquanto eu descia para a Avenida Carlos Luz e a segundo no final do meu trajeto: Pedro II com Carlos Luz.

Fiquei cerca de duas horas entregando folhetos nas janelas dos carros que paravam naquele semáforo; foi uma experiência interessante e gratificante. Descrevo parte dela para vocês:

Conheci Janaína, vendedora de jornal que trabalha naquele ponto aos domingos; moça simpatia de dedicada, conhecedora do jornal que trabalha e curiosa sobre o material que eu estava distribuindo. Após ler o folheto ficou me inquirindo sobre uma série de coisas sobre o tratamento e me disse que um parente esteve internado em uma instituição similar e que em pouco tempo, após o tratamento, voltou ao vício.

Conversamos sobre publicidade, trabalho voluntário, o estrago das drogas, o frio que estava fazendo mais cedo, etc... Porém, notei que ela guardou o folheto.

Outros companheiros de “sinal” foram o Anderson e Rejane, casal de moradores de rua que estavam limpando os vidros dos carros (que permitiam) em troca de alguma moeda; ambos viciados. Depois de ela ler o folheto, voltou-se para ele e disse: “Isso é pra nós”. Ele ficou interessado em saber se o tratamento era gratuito e como fazia para chegar lá. Indiquei o caminho do Recanto seguindo pela Pedro II e subindo a Henrique Gorceix e garanti que nas noites de terça-feira eles seriam recebidos lá.

Os outros companheiros foram os motoristas. E nesse grupo apareceu de “tudo”... A minha abordagem era a seguinte: “Bom dia! Por favor, você pode me ajudar a divulgar esse trabalho?”.

Alguns liam e agradeciam, garantindo que ajudariam; outros colocavam no painel ou no banco do passageiro, dizendo que leriam depois, mas que, com certeza, ajudariam. Esses foram a maioria. Graças a Deus.

Afinal, um grupo menor, sequer abriu o vidro, mesmo eu batendo nele (sou teimoso, rsrs); outros evitavam até de olhar para não terem que responder. Gente, a indiferença é terrível; triste mesmo.

Encontrei, também, com Edvaldo, amigo antigo; formamos juntos na PUC e atualmente é o contador da minha empresa e tem um trabalho social no Aglomerado da Serra; com o Falcão, companheiro de NPOR e engajado em causas sociais; ambos pegaram “um monte” de folhetos para distribuir. Entrei ainda com um aluno da FGV que elogiou a iniciativa e se propôs a levar alguns a mais para entregar para a turma dele, na qual lecionei.

Foram muitas as expressões de surpresa e interesse, muitas as manifestações de apoio e coragem; além de alguns que pediam mais para “levar para alguém que está precisando”.

Na volta entreguei nos comércios que estavam aberto, que “abertos” foram para receber e divulgar o trabalho.

Gente, domingo que vem estarei em outro ponto perto lá de casa, farei outra rota, talvez perto do Shopping Del Rey; a experiência foi muito interessante; se alguém quiser me acompanhar posso fazer o folheto chegar. Digo isso para que vocês também se animem a divulgar o trabalho da forma que lhes for mais conveniente.

Falava com a Carlinha hoje que meu sonho é ver a Fazenda vazia e inútil, sem internos. Afinal, sonho com um dia em que a droga não assombrará mais as famílias; aí não precisaremos mais dela (da Fazenda). Ela, sabiamente, comentou: “É um sonho de uma vida inteira!”.

Continuo sonhando... Mas, enquanto isso, vamos trabalhando. Coragem!

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