segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Vamos a Missa?


Sou Católico por opção e convicção! Nasci em uma família Católica. Freqüentávamos a missa religiosamente (desculpem o trocadilho). Todos os domingos minha mãe já acordava atarantada porque tinha que arrumar os três filhos para ir a Igreja. A diferença de idade entre nós é de pouco mais de dois anos. Nós ainda crianças, sempre queixávamos por não querer trocar a televisão e as brincadeiras, pelo “monólogo” dominical.

As reclamações vinham acompanhadas de outros problemas. A paróquia ficava a dois quarteirões de nossa casa e como o número de filhos era impar, apenas um dos três seria o felizardo capaz de dar as mãos ao Papai e a Mamãe. Os outros dois ficavam inconsolados na ida e para piorar a situação, o que empacava mais ganhava a promessa de voltar na melhor posição, portanto alguém sempre sobrava.

Além disto, ficar uma hora sentado, sem falar e remexer, não era uma tarefa aprazível. No final da missa nós já estávamos indóceis e invariavelmente, com marcas de alguns beliscões.

Acho que por causa do exposto, as lembranças desta época são ralas.

Das poucas memórias que tenho, uma delas é ainda bastante palpável. Quando a missa terminava, meu pai sempre parava em frente do túmulo de Padre Eustáquio, coloca a mão sobre os olhos e ficava em silêncio, sem falar nada. Às vezes, ao descobrir o rosto, eu notava que os olhos estavam vermelhos e marejados. Um dia, eu curioso, perguntei o que ele ficava fazendo ali e ele me respondeu que estava rezando. Acho que perguntei se ele rezava o Pai Nosso, mas a resposta foi sobre pedir ao Padre Eustáquio que rogasse por nós, pela mamãe e pela nossa família.

Entendia que rezar era o mesmo que pedir e então fiquei imaginando duas coisas que eu gostaria que acontecesse comigo. A partir daquele momento quando meu pai parava naquele mausoléu, ao invés de ficar contando as flores ou relendo os dizeres na lápide, eu passei a pedir ao Beato que me deixasse viver pelo menos 200 anos e que me ajudasse a encontrar o amor da minha vida, para construir uma família como a do meu pai.

Bom, hoje eu tenho 42 anos de idade, uns 35/36 anos distante daquele garoto... Sou casado com uma mulher que amei desde a primeira vez que a vi e temos três filhos bem normais, mas ainda estou a uns 160 anos de receber a outra dádiva...

Não quero forçar a barra com o Padre Eustáquio, mas quero ter saúde para também educar os meus filhos dentro da religião.

Hoje sei o quanto foi importante na minha vida ter tido o exemplo espiritual de meus pais. A busca pelo equilíbrio é eterna, os apelos são muitos e por isso agradeço a “bússola” que eles me deram. Ela está sempre me mostrando onde fica o norte, mas a opção de me orientar é só minha. Confesso a vocês que muitas vezes tomei outras direções, pela razão que vocês consigam imaginar, mas o preço de não ser alienado é a responsabilidade de fazer o que é certo e assim, acabo sempre me norteando outra vez. Alguns chamam isto de valores!

Hoje estou no papel dos meus pais. Tento levar meus filhos a missa todos os domingos, mas não consigo fazê-lo com assiduidade. O trabalho me exige alguns finais de semana e em outros, tenho que conciliar com algumas atividades pagãs. Acho que eles são tão inquietos quanto eu era. Ajoelham quando estamos sentados, sentam quando estamos de pé e por aí vai. Descobriram que o genuflexório é mais macio para ajoelhar e ficam disputando entre eles quem chega lá primeiro...

Sem dúvida sou mais flexível do que meus pais foram comigo, apesar das ranhetagens genéticas; o suficiente para propor uma troca com o Padre Eustáquio. Não preciso viver os 200 anos que pedi, posso viver menos desde que seja o suficiente para formar meus filhos como bons Cristãos.

Paulo Tadeu

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