segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ser ou Ter, eis a questão!

O dia 28 de dezembro deveria ser considerando o dia mundial da troca! Presentes repetidos ou simplesmente desnecessários nos fazem ir às lojas para trocá-los. É como se fosse o anúncio definitivo, de que o Natal já passou. O espírito Natalino não está mais presente. Lembra-se? Festas, abraços, chorosos, orações, luzes, já eram... Agora voltamos à condição de estressados. Egoístas implacáveis, críticos e individualistas! – “Eu quero trocar o meu presente e pronto! Tenho que voltar a realidade, que na maioria das vezes é uma vida para se construir o 'ter'”. Aquela chama que reacende em vários de nós, todos os Natais, se apaga de novo. Perdemos outra vez a chance de mudar, renascer de verdade e direcionarmos nossa vida para o 'ser'!

Minha proposta com este texto é falar um pouco destes dois efeitos nas pessoas, o ‘Ter’ e o ‘Ser’.

Talvez seja bastante claro para a maioria das pessoas, que existe um círculo vicioso e viciante em nossas vidas capitalistas. Trabalhamos para gerar recursos; usamos estes recursos para adquirir itens básicos de sobrevivência; o básico nos satisfaz muito rápido e, portanto, queremos mais recursos para comprar o supérfluo; compramos o supérfluo, mas ele é quase infinito. Sendo assim, sua satisfação é fugaz e requer novidades constantes; as novidades custam mais caro e então temos que trabalhar mais; trabalhar mais tira o tempo para o lazer, estar com a família e educar nossos filhos, participarmos em sintonia com nossa comunidade religiosa, nos doar ao outro; a falta destas últimas, fatalmente poderá inverter nossos valores e conseqüentemente, nos leva a buscar satisfação com o que adquirimos, temos; com o passageiro, o ilusório e não mais com o real, o eterno o transcendental.

Cada vez mais, encontramos pessoas cuja definição de sucesso é o que se construiu ou se está construindo como patrimônio; cuja definição de pais amorosos, está na excelente escola que pagam para o seu filho, nos brinquedos high tech que lhes dão, nas aulas de inglês, piano, e outros, na flexibilidade de comer apenas o que se quer, nas férias em locais extraordinários. Talvez por isso, tampouco é raro encontrar pais que se perguntam “porque o meu filho usa drogas, se eu sempre o amei com todo o meu coração?”, ou, “meu filho foi preso por roubar, foi expulso da escola, anda em um grupo violento..., não foi esta a educação que lhe dei e, portanto, não consigo entender onde errei!”

Perguntei a um grande amigo, pai de 3 filhos maravilhosos, pessoas com valores firmes e claros, o que deveria fazer para educar os meus filhos como ele fez com os seus, e torná-los pessoas boas. Sua resposta foi simples: “você precisa dar exemplo, eles vão fazer o que vocês fazem!”

Pagar a melhor escola na esperança de que ela dê uma boa educação ao seu filho, é transferir o intransferível. Escola dá conhecimento, cultura, regras. Educação se dá em casa! E por favor, não estou falando de bons modos, esta é relativamente fácil; estou falando de moral, ética, religião!

O apelo pelo consumo e os vários impactos publicitários espalhados pela cidade e até pela casa, vai nos levar a experimentar, querer “ter” várias novidades, sabores e cores. Tudo bem! Não existe nada de errado em querer viver bem e comodamente, mas sozinho, este preenchimento é muito “vazio”... e nos isola do plano maior!

É preciso ensinar aos nossos filhos que Faraós enterrados com suas heranças materiais, não as levaram para a vida eterna! Que o prazer de ajudar alguém menos favorecido é mais duradouro do que os risos, após atear fogo no cobertor de um mendigo/índio dormindo na rua! Que devolver um troco ou um valor que não é seu, nos enriquece mais do que qualquer dinheiro ganho de forma ilícita! Que dividir o que se tem, contraria a matemática e aumenta o nosso tamanho! Que ser solidário com os excluídos, demonstra uma fortaleza maior do que aqueles que espancam travestis e prostitutas! Que tirar um momento para rezar, conversar com Deus une mais a nossa família, do que o churrasco no fim de semana! Que Deus existe e está presente de forma visível, no dia-a-dia de quem tem os olhos abertos!

Precisamos nos preocupar mais com quem realmente ‘somos’ e menos com o que holograficamente ‘temos’! Alguém já disse que ‘somos o que comemos’; o que me parece bastante razoável e lógico, então usando da mesma lógica; se não alimentarmos as mentes e corações de nossos filhos (assim como as nossas) com amor, caridade e bondade estaremos atrofiando o único bem eterno que nos foi dado.

Como Cristãos que somos, temos a missão de também ‘ir pelo mundo e pregar o Evangelho a todas as criaturas’. Se você ficou cansando, só de pensar na distância, não precisa viver esta culpa. Faça-o dentro da tua casa e já será um grande passo para cumprir sua tarefa.

Vamos instituir o dia 28 de dezembro como o dia mundial da troca! A idéia é modificar a nossa forma de viver e não apenas usar a data para trocar os presentes. Para isso eu sugiro escrever, todos os anos, nessa data, nas nossas agendas ou num lugar qualquer que nos seja visível, o que realmente queremos Ser; como se fosse um mantra diário, para nos lembrar e que devemos construir nas nossas vidas!

Que Deus nos dê coragem e vigor, sempre!

Paulo Tadeu de Resende

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